Cachorro ou gato: qual é o melhor? (cientificamente falando)


Embora existam pessoas que gostem dos dois animais de estimação, grande parte dos donos destes bichos discutem apaixonadamente para defender os gatos ou os cachorros. Até uma década atrás, havia poucas provas científicas para determinar qual deles é mais esperto ou carinhoso, mas agora existem inúmeras pesquisas mostrando detalhadamente quais características são geralmente mais marcantes em cada espécie. Confira a nossa grande disputa entre cães e gatos!

1. CÉREBRO
O cérebro de um cão de médio porte tem 64 gramas, e é maior que o cérebro de um gato de médio porte, que pesa apenas 25 gramas. Porém, não podemos ignorar que um gato de médio porte é bem menor que um cachorro médio. Medindo o tamanho do cérebro como uma proporção do peso corporal, os gatos levam a melhor, mas por pouco. Geralmente, mamíferos menores têm o tamanho do cérebro um pouco maior em relação ao corpo do que aqueles de mamíferos maiores, então o resultado já era de se esperar.
Entretanto, não é possível levar em conta apenas o tamanho do cérebro para medir a inteligência do animal. Isso é melhor determinado pelo comportamento do animal do que a simples anatomia. Entretanto, uma medida anatômica dá uma boa noção da capacidade de processamento cerebral do animal: o número de neurônios no córtex cerebral. Neste quesito, os gatos ganham com folga, com 300 milhões de neurônios, contra apenas 160 milhões dos cães.
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2. LIGAÇÃO COM OS DONOS
A ligação criada por um cachorro com seu dono é muito parecida com a de uma criança com seus pais: fica feliz e bastante explorador com os pais por perto, fica estressado quando eles estão distantes e até se acostumam com estranhos, mas ficam de olho para quando o “pai” e a “mãe” voltarem. Quem prefere cachorros geralmente cita o amor incondicional destes animais na lista de “prós” da espécie. Porém, será que gatos são tão diferentes assim?
O pesquisador Adam Mikloski, da Universidade Eotvos Lorand, na Hungria, tentou fazer um teste para analisar o comportamento felino com seus donos, mas não conseguiu: os gatinhos ficaram todos muito estressados no laboratório, provavelmente porque gatos geralmente não saem de seus territórios. Apesar do fracasso do experimento, o pesquisador acredita que gatos se comportam de modo semelhante aos cães. Por natureza, gatos são mais independentes e solitários, e cães geralmente têm o instinto de grupo.
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3. POPULARIDADE
O teste mais importante para ver qual espécie é o melhor animal de estimação é verificar qual deles é mais popular. Neste quesito, os gatos ganham com uma bela vantagem. Estudos mostram que nos dez países com o maior número de gatos domesticados, há cerca de 204 milhões de felinos. Já nos dez países com mais cachorros, existem apenas 173 milhões de cães.
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4. COMPREENSÃO
O famoso Border Collie Rico consegue compreender mais de 200 palavras. Ele é esperto, mas mesmo cachorros com uma compreensão mais limitada conseguem responder a dezenas de comandos e pedidos dos donos. Além disso, os cães compreendem outros modos de comunicação, como gestos corporais.
Entretanto, cognitivamente, gatos são bastante parecidos com os cachorros, afirma Adam Mikloski. O detalhe é que os gatos são menos complacentes e motivados que os cachorros, e geralmente são mais difíceis de serem treinados. Em seus estudos, o pesquisador descobriu que gatos têm a mesma capacidade que cães têm para seguir gesticulações para encontrar comida. A diferença é que, quando a comida está escondida, os cachorros chamam a atenção dos donos para conseguir ajuda, enquanto os gatos tentam, em vão, pegar sozinhos.
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5. RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS
Gatos não passaram em um teste para conseguir pegar comida que estava ao fim de uma linha, misturada com outras. Antes que os amantes de cachorros se animem, os cães também não passaram no teste. Os mesmos testes mostraram que as duas espécies são espertas para recuperar pedaços de comida escondidos a várias distâncias. Gatos e cachorros têm estratégias diferentes para conseguir encontrar a comida, mas a lógica de ambos é eficiente.
Cachorros já participaram de muito mais testes cognitivos que gatos, e geralmente não se mostram muito espertos se comparados com seus primos distantes, os lobos. Mikloski, entretanto, acredita que a ligação com o dono faz com que o cão confie mais na intimidade do que no pensamento independente para resolver problemas. Cães-guia, por sua vez, tendem a resolver problemas sozinhos, sem a ajuda dos donos.
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6. VOCALIZAÇÃO
A ancestralidade compartilhada faz com que os mamíferos produzam sons da mesma natureza com certos significados. Análises de miados mostram que os gatos fazem sons que chamam a atenção humana, mas geralmente o repertório vocal dos gatos é limitado, e costuma ser compreendido apenas pelos donos. Cachorros têm uma flexibilidade vocal muito maior, e podem produzir latidos muito diferentes.
O detalhe é que a complexidade vocal não é tudo, e todo dono de animais sabe bem que muito barulho incomoda. Um estudo aponta que gatos podem ter encontrado um modo para resolver este problema: os felinos têm mudanças sutis na vocalização para chamar a atenção dos humanos. Um ronronar intenso somado a um miado agudo chama a atenção do lado carinhoso das pessoas, por exemplo. Neste quesito, os gatos levam a melhor.
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7. TREINAMENTO
Cães são mais fáceis de treinar porque eles foram selecionados para serem assim. Cachorros aprendem de um modo semelhante a crianças humanas, a partir do olhar, gestos e vocalização, além de seguir os passos do mestre. Eles geralmente aprendem melhor quando recebem comida como recompensa, e gatos também aprendem deste modo. Como o treinamento de gatos é mais raro, não é possível saber exatamente até que ponto vai a habilidade dos bichanos. O detalhe que, segundo Mikloski chama a atenção, é que “os cães realmente querem aprender, são mais interessados e levam o treinamento mais a sério”.
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8. SUPER-SENTIDOS
O olfato, a audição e a visão são os sentidos mais importantes, tanto para os gatos quanto para os cachorros. Como os cães são selecionados há muito tempo para realçar as suas características mais importantes, não é de se espantar que eles tenham um olfato, por exemplo, mais forte de que o de alguns gatos. Entretanto, mesmo com o olfato histórico dos cachorros, os gatos não ficam muito para trás. Um gato comum tem cerca de 200 milhões de receptores olfativos, mais do que um cachorro comum. Um cão de caça, entretanto, tem 300 milhões de receptores do mesmo tipo.
Nenhuma das duas espécies enxerga tão bem quanto os humanos, mas eles têm habilidades específicas impressionantes: ambos têm maior sensibilidade ao movimento, mas os gatos conseguem enxergar melhor com menos luz. Quanto à audição, os gatos também ganham dos seus adversários. A audição dos felinos vai de 45 a 64 mil hertz, enquanto a dos cães vai de 67 a 45 mil hertz.
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9. UTILIDADE
Cachorros podem caçar, ajudar com rebanhos e guardar casas e animais. Podem sentir o cheiro de drogas e bombas e ajudar os cegos e surdos. Eles correm por esporte, puxam trenós na neve, encontram pessoas enterradas na neve e em terremotos, e podem até ajudar a prever terremotos. Os gatos, por sua vez, são bons contra infestações de roedores. Ok pode ser que isso seja um pouco injusto com os bichanos.
Pesquisas mostram que acariciar um gato ajuda a reduzir o estresse, e ter gatos está relacionado a menores taxas de colesterol e uma pressão arterial mais baixa. Entretanto, ter cachorros também ajuda a melhorar a qualidade de vida, já que o dono tem que fazer caminhadas diárias com o cão, e entra em contato com outros cães e donos de cachorros, o que ajuda a melhorar a imunidade da pessoa.
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No fim das contas, os cães ganharam: cinco pontos para os cães, quatro para seus adversários felinos. O que realmente importa em um animal de estimação é o carinho e o companheirismo, e nisso quem decide qual espécie leva a melhor é o próprio dono. E afinal, quem disse que cães e gatos não podem conviver em paz. Concorda com a nossa disputa ou discorda?

Fonte: New Scientist