Sim, maldade pura existe. Ela é muito pior do que você
imagina. E pode começar já na infância."Para mim, isso era coisa de
filme". Do outro lado da linha, com a voz embargada, Jussara* conta como
percebeu coisas estranhas no comportamento do filho quando ele tinha apenas 6
anos. Embora o diagnóstico de psicopatia só possa ser feito formalmente aos 18
anos, é possível captar sinais bem antes disso. As crianças psicopatas mentem
muito, são manipuladoras, impulsivas e extremamente egocêntricas. Também são
cruéis.
Podem queimar um cachorro ou estripar um gato. Sufocar um irmão com um
travesseiro sem sentir culpa ou remorso. Tentar queimar ou explodir coisas.
Mais tarde, na adolescência, podem praticar vários tipos de crime, de simples
roubos a atos de violência sexual e homicídios com requintes macabros. Tudo sem
que haja um motivo ou fator causador, a não ser o puro instinto. E tudo sem que
os pais possam fazer muita coisa - pois estudos sugerem que a psicopatia pode
ser causada por problemas estruturais no cérebro, e não pode ser anulada por
uma boa educação. É como se os psicopatas já nascessem sentenciados a serem
maus; suas famílias, a conviver com isso.
O impulsivo
Desde pequeno, Gustavo batia nos pais e em outras crianças.
Era algo tão grave e tão constante que o levou a ser internado aos 13 anos num
hospital psiquiátrico, onde ele ficou por um ano e meio. O tratamento não
surtiu efeito. Sua mãe, Natália*, se sentia culpada e humilhada pelas outras
pessoas. "Diziam que eu permitia os abusos dele, que bastaria dar uns
tapinhas", afirma. "Minimizavam a situação, falavam que Gustavo tinha
apenas uma adolescência conflituosa." O garoto roubou dinheiro da família,
destruiu a casa 3 vezes, cortou a orelha do pai e golpeou as costelas da mãe,
que foi parar no hospital por isso. "Às vezes, eu acordava no meio da
noite e ele estava nos observando dormir. Percebi que nos mataria a qualquer
momento", conta Natália. "Enfrentei todas essas situações, esperei o
que estipula a lei (protegê-lo até os 21 anos) e dei por terminado esse
calvário. Não o vejo mais." Natalia tomou a decisão em 1993, após fazer
terapia e decidir que o filho era irrecuperável. O casal acabou expulsando o
garoto de casa - por puro medo de ser assassinado. "Muitas mães continuam
carregando essa situação nos ombros. Outras morrem nas mãos de seus
filhos", afirma. Gustavo é a minoria da minoria. Há crianças que são
agressivas e perversas como ele era na infância - mas não necessariamente se
tornarão adultos problemáticos. Elas batem nos irmãos e tiram objetos dos pais,
por exemplo, mas tudo passa após uma etapa de ajuste. "Não podemos jamais
concluir que crianças com distúrbios de comportamento serão psicopatas no
futuro. Por isso, não se dá o diagnóstico de psicopatia antes dos 18 anos",
diz o psiquiatra forense Guido Palomba. Mas algumas crianças que apresentam
esses distúrbios vão, sim, se tornar adultos psicopatas, por mais
acompanhamento e tratamento que recebam. É o caso de Gustavo: ele nasceu e vai
morrer assim. Hoje, aos 40 anos, busca contato com os parentes - mas só para
prejudicá-los. Roubou objetos dos pais na única vez que o deixaram entrar em
casa. "Continuo em terapia porque a dor de perdê-lo foi dilacerante. Senti
culpa e saudade, mas sei que para ele eu não valho nada", diz Natália.
"Às vezes, eu acordava no meio da noite e ele estava
nos observando dormir. Percebi que nos mataria a qualquer momento." -
Natália, mãe de Gustavo. Argentina.
O predador
Os pais de Gordon* suspeitaram cedo de seu caráter amoral.
"Desde que ele mamava no peito, eu percebi que não estabelecia um vínculo
afetivo. Mas ele era agradável com as outras pessoas, tão charmoso e atraente,
não me preocupei muito", diz Barbara*, a mãe. "Aos 7 anos, vi que
algo realmente estava mal: eu tinha de mantê-lo longe dos dois irmãos mais
novos para evitar que os agredisse. E o peguei abusando sexualmente da gata do
vizinho", diz ela.
Aos 12, Gordon foi acusado de abuso sexual contra uma
mulher. Passou alguns anos detido por essa e outras 7 ações do mesmo tipo.
Sempre negou a culpa. "Nós demos educação, carinho, viagens, imóveis - e
ele arruinou tudo", conta a mãe. "Ele tinha sempre um motivo para
pedir dinheiro emprestado, que nunca devolvia. Nos extorquiu US$ 200 mil",
afirma ela.
Hoje, aos 24 anos, Gordon é pai de um menino de 4. "Meu
maior temor é que ele faça mal a meu neto, que vive com a mãe a 3 200 km da
cidade onde eu e meu filho vivemos", diz Barbara, que teme até revelar a
cidade onde mora. Hoje, Gordon tenta se abrigar na casa de desconhecidos, que
conhece em pontos de venda de drogas. "Predadores são predadores, mesmo
que sejam nossos filhos. Não importa o que você fizer, eles vão sempre
desrespeitar, ameaçar, desprezar e odiar você. Negar esse fato só causa mais
dor", diz Barbara.
Ao contrário dela, a maioria das mães não consegue enxergar
que o filho é um psicopata. Mas o transtorno de personalidade começa a dar
sinais desde bem cedo, por volta dos 6 anos - em casos extremos, até antes.
"A professora do jardim de infância nota que a criança não obedece a ordens,
comete atos muito agressivos e age de forma independente do grupo",
explica o psiquiatra Hugo Marietan, da Universidade de Buenos Aires, que estuda
psicopatas há 20 anos. "Isso acontece porque o psicopata é uma unidade em
si mesmo. Enquanto as outras pessoas se apoiam em redes afetivas, seja de
parentes seja de amigos, ele não necessita de ninguém."
Gordon nunca teve um amigo verdadeiro. E isso faz todo o
sentido: os psicopatas não entendem a amizade. Para eles, não passa de um sinal
de fraqueza.
"Há filhos que são assim. Não importa o que você fizer,
eles vão sempre desrespeitar, ameaçar, desprezar e odiar você." - Barbara,
mãe de Gordon. EUA.
O indiferente
Em 1986, o americano Jeffrey Bailey Jr, de 9 anos, foi
deixado sozinho com o amiguinho Ricky Brown, de 3. Jeffrey sabia que o menino
tinha medo de água e não sabia nadar. Mesmo assim, levou-o para a piscina e o
empurrou lá dentro. Ricky se debateu por vários minutos, gritando por socorro.
"Em vez de estender o braço, Jeffrey puxou uma cadeira para assistir à
morte do menino. Depois foi para casa", diz a psicóloga forense Katherine
Ramsland, da Universidade DeSales, nos EUA. Ao se encontrar com um vizinho,
Jeffrey perguntou "o que era a gosma branca" que sai do nariz de uma
pessoa que se afoga. A polícia encontrou o corpo de Ricky às 18h40, cerca de 8
horas após o afogamento. "Foi um acidente", mentiu Jeffrey. "Ao
ser interrogado, o garoto se mostrou indiferente à morte do amigo. Ele estava
mais preocupado
em ser o centro das atenções do que em sentir qualquer tipo
de remorso pelas coisas que havia feito", conta Ramsland.
A história ajuda a entender a mente psicopata. É comum que
crianças (normais) tenham dificuldade de lidar com emoções. Podem ser
impulsivas, narcisistas ou agressivas, bater nos irmãos por ciúme ou egoísmo.
"Mas quando uma criança comete atos assim por sadismo, e sem sentir
remorso ou culpa, pode-se suspeitar de psicopatia", diz o psicólogo
forense americano Carl Gacono. "Outro elemento é a falta de empatia, a incapacidade
de se colocar no lugar do outro." Segundo Gacono, esses 4 sinais -
sadismo, falta de remorso, falta de culpa e ausência de empatia - podem ser
detectados entre 6 e 9 anos, quando a personalidade está se formando.
"Ele não demonstrou remorso, e estava desfrutando ser o
centro das atenções." - Katherine Ramsland, psicóloga Forense, EUA
O suicida
Aos 6 anos, Bruno* não demonstrava emoções nem vínculo
afetivo. Só apatia. Depois o garoto se tornou agitado e manipulador. A mãe,
Jussara*, o levou a vários médicos no ABC paulista. Todos disseram que era
apenas ansiedade. E Bruno foi ficando cada vez pior - tentou suicídio 3 vezes.
Depois dos 18, finalmente recebeu um diagnóstico concreto: transtorno de
personalidade. "Eles [os médicos] disseram que meu filho não pode viver em
sociedade. Foi duro escutar isso." Mãe de 4 filhas mais novas, Jussara diz
que o melhor para Bruno seria permanecer internado. "O problema é que as
clínicas não o aceitam. Além dos laudos médicos, já precisei de várias
liminares para que o internassem", afirma. Entre um hospital e outro,
Bruno se envolveu romanticamente com duas enfermeiras, uma das quais o ajudou a
fugir. "Ele nunca fez mal aos outros porque a família agiu desde cedo para
contê-lo, com remédios e internações", diz a mãe. Hoje com 24 anos, o
rapaz está desaparecido há um mês. "Provavelmente virou um
andarilho", acredita Jussara, que teme ser responsabilizada por atos
violentos do filho contra outras pessoas. "E se amanhã acontecer alguma
coisa na rua, como os casos monstruosos que vemos na TV, a culpa vai ser de
quem?"
"A maioria dos especialistas é despreparada. Sempre
diziam que o problema era da criação. E meu filho foi piorando." -
Jussara, 40 anos, professora, mãe de Bruno, 24 anos.
O incendiário
André* tinha 3 anos quando começou a fazer terapia. Segundo
Claudia*, a mãe, era muito arteiro. "Ele queimava os brinquedos e depois
apagava com água e terra. Aos 4, queimou um armário inteiro que ficava fora da
casa. Uma vez colocou fogo debaixo do carro usando papel e fósforo, e por sorte
não houve uma explosão. Eu e meu marido demos uma bronca, como qualquer pai
faria", diz Claudia. Os especialistas disseram que o menino era hiperativo
com déficit de atenção. Ele era simpático e conversador, mas mentia demais, e
com extrema convicção.
Aos 15 anos, André entrou numa fase mais agressiva.
"Ele nos xingava e dizia que ia nos matar. Que explodiria uma bomba em
casa. Tentava montar artefatos com fios e adubo do jardim. Eu dormia trancada
no quarto com meu marido e o outro filho", diz a mãe. "Uma vez, ele
pegou
uma faca e veio andando em nossa direção completamente
surtado. Foi necessária a intervenção da polícia, que é despreparada para lidar
com pessoas nesse estado."
Já adulto André foi diagnosticado com transtorno anti-social
- equivalente, no caso dele, a psicopatia. "Ele tem atitudes inesperadas.
Age como uma pessoa normal e tem inteligência admirável. O problema é quando
explode", diz Claudia. Segundo ela, o pior de ter um filho problemático é
a incerteza constante. "Uns dias são melhores, outros piores, e você nunca
sabe o que virá". "Não está escrito na testa que eles são psicopatas.
Passarão pela vida sem que as outras pessoas saibam. Nós, como pais, só
queríamos que fossem pessoas capazes de conviver em sociedade, trabalhar, criar
e manter suas famílias. Principalmente, que fossem felizes." Hoje, aos 33,
André trabalha como técnico em computação e ainda mora com os pais. "Ele
tem ficado mais tranquilo com o tempo. Rezo para que continue assim", diz
Claudia.
"Ele era uma panela de pressão prestes a explodir sem
motivo aparente, ou quando era contrariado." -
Claudia, 56 anos, estudante de direito, mãe de André, 33,
São Paulo.
O sádico
Roberto Aparecido Alves Cardoso sofreu anóxia (falta de
oxigênio) durante o parto. Dezesseis anos mais tarde, arquitetou o assassinato
do casal de namorados Liana Friedenbach, de 16, e Felipe Caffé, de 19. Roberto
Cardoso é o Champinha, autor de um dos crimes mais famosos do Brasil recente.
Qual a ligação entre as duas coisas? Ele é considerado um pseudopsicopata, ou
seja, uma pessoa que se comporta como psicopata devido a um dano físico sofrido
pelo cérebro - no caso, a anóxia.
Champinha estuprou Liana por 5 dias e depois a matou a
facadas. Felipe recebeu um tiro na cabeça. Os comparsas de Champinha foram
condenados a 177 anos de prisão. Como era menor, ele foi para a Fundação Casa e
em 2007 foi internado na Unidade Experimental de Saúde (UES), em São Paulo,
onde está até hoje. No ano passado declarou, por meio de seu advogado, que não
vê "sentido" em ficar preso e gostaria de estudar para ser
veterinário. Sua rotina na UES se resume a comer, dormir e assistir aos jogos
do Corinthians.
Pessoas como ele poderiam um dia ser reintegradas à
sociedade? Talvez não. A maioria dos especialistas acredita que a psicopatia
tenha um componente genético. Segundo essa teoria, uma boa educação não seria
capaz de impedir que a criança se tornasse má. No máximo atenuar o transtorno.
Em vez de assassino, o indivíduo poderia virar um executivo inescrupuloso ou um
político corrupto, por exemplo.
"Um assassino assim não pode viver em sociedade."
- Ari Friedenbach, Pai de uma das vitimas. Brasil.
O assassino serial
O pequeno Steven cresceu cercado pela violência. "Meu
marido me batia e eu revidava", contou a mãe, Cathy, ao jornal britânico
The Guardian. "Steve era um dos meus 7 filhos. Ele era o meu queridinho. E
ainda é. Apenas se meteu em problemas." Aos 11 anos, o menino
começou a roubar e foi levado a um lar para menores
infratores, onde ficou até os 18. A mãe diz que ele sofreu abusos lá (tanto que
a instituição acabou sendo fechada). A partir daí, Steven viveu entrando e
saindo da prisão: foram 38 condenações por roubos e posse de drogas. Até que em
1993, aos 23 anos, finalmente saiu do limite: estrangulou e queimou Thomas
Kelly, de 18, num terreno abandonado de Suderland, na Inglaterra. No ano
seguinte, fez o mesmo com David Hanson e Gavid Grieff, ambos de 15. Foi
condenado à prisão perpétua em 1996. Segundo o promotor, Steven matou os meninos
para que parassem de dizer que ele era gay. Diante da mãe, no entanto, Steven
nunca confessou o crime. "Sei que ele não vai sair da prisão enquanto eu
estiver viva. Mas eu ainda o amo. Nunca poderia ir contra ele porque é meu
filho."
"Ele era o meu queridinho. E ainda é." - Cathy,
mãe de Steven Grieveson, 41, Inglaterra.
O torturador
O americano Jason Massey tinha 9 anos quando matou o
primeiro gato. Gostou. Nos anos seguintes, dissecou dezenas de outros, que
pegava perto de casa. Psicopatas como ele têm uma curiosidade mórbida por
animais domésticos. Espetam os olhos de tartarugas, estripam pássaros para
saber o que há dentro, botam fogo num cão só para vê-lo correr. E não se
horrorizam com isso. Na verdade, desfrutam do sofrimento alheio - e não se importam
em carregar a imagem de sádico. Jason tinha essa fama. Um exemplo: "Na
adolescência, supostamente matou o cachorro de uma garota que não quis ser sua
namorada", diz a psicóloga forense Katherine Ramsland.
Em seu diário, Jason registrou fantasias de estupros e
canibalismo com mulheres. Seu ídolo era Ted Bundy, famoso psicopata americano
que seduzia jovens para depois estuprá-las. Bundy matou pelo menos 30 mulheres
antes de ser executado na cadeira elétrica, em 1989. Jason queria superar essa
marca. Em julho de 1993, aos 20 anos de idade, foi apresentado por um amigo a
Christina - de apenas 13 anos. Confessou ao amigo que gostaria de matá-la.
Roubou uma arma calibre 22 e comprou munição, facas e algemas.
Poucos dias depois, Jason convenceu Christina a passear com
ele de carro no meio da noite pelo interior do Texas. Christina levou junto o
amigo Brian, de 14. Foi o último passeio deles. "Brian levou dois tiros.
Christina foi desmembrada. Sua cabeça e suas mãos desapareceram", conta
Ramsland. A garota levou dezenas de facadas. Teve as vísceras removidas e os
mamilos cortados. Jason foi julgado pelos crimes e condenado à morte por
injeção letal, em 2001.
A ciência ainda tenta explicar o que está por trás de
condutas tão extremas. E algumas pistas têm surgido. O médico forense Guido
Palomba examinou vários indivíduos com distúrbios de comportamento. E observou
uma característica peculiar nos cérebros de pessoas sádicas. "A
constituição anatômica era igual à do cérebro de um epiléptico, com assimetria
entre as duas metades", diz Palomba. Isso sugere que comportamentos
radicalmente violentos podem ter raiz neurológica - e genética.
"Brian levou 2 tiros. Christina foi desmembrada. Sua
cabeça e suas mãos desapareceram." - Katherine Ramsland, psicóloga
forense, EUA.
O pedófilo
Rafael* foi adotado aos 3 anos. Márcia*, a mãe adotiva, o
encontrou num abrigo para menores. "Antes disso, ele passou por situações
de violência e privação de comida", diz. Conforme foi crescendo, começou a
fazer coisas ruins. Roubou celulares de amigos e abusou sexualmente da irmã
mais nova. "Não chegou a violentá-la, mas abusou dela por muitos
anos", diz Márcia. "Só descobrimos quando ele saiu de casa, aos 18
anos, após assediar uma vizinha." Rafael foi diagnosticado com
personalidade anti-social agravada por pedofilia. Hoje, aos 25, é pai de um
menino de dois anos, que mora com a mãe. "Nossa maior preocupação é que
ele se aproxime da criança", diz Márcia. "É difícil para as pessoas
entenderem a situação porque ele parece muito bonzinho, cativa todo
mundo." Rafael mora num apartamento alugado pela família.
"Ele mente até o último minuto possível. Só admite a
verdade quando vê que não tem saída." - Márcia, 43 anos, publicitária, mãe
de Rafael, 25, São Paulo.
O Perverso
Aos 9 anos, o paulista Bernardo* enforcou a empregada de sua
casa usando uma gravata que pertencia ao pai. Ele passou a gravata em torno do
pescoço da mulher, fez um laço num cano e puxou. Bernardo não chegou a
suspender sua vítima. Ela desmaiou e acabou se enforcando com o próprio peso.
Um ato de crueldade inimaginável - e que se encaixava na personalidade
psicopata do garoto.
"O menino apresentava um distúrbio de comportamento
violentíssimo. Esfregava fezes na parede ou as atirava nas pessoas. Também
tinha perversões sexuais com crianças do mesmo sexo", revela, sob
anonimato, o médico que o atendeu. "O garoto não era vítima de pedófilos
maiores de idade. Ele é que tomava a iniciativa das ações sexuais. Pegava
pedaços de madeira para empalar outras crianças, por exemplo." O caso da
empregada foi abafado pela família, e não houve punição para Bernardo.
Assim como ele, os psicopatas têm uma gama de sentimentos
reduzida. Não sentem ternura, amor, solidariedade ou tristeza. "Vivem num
pêndulo entre duas emoções básicas: o entusiasmo (para buscar os objetivos) e a
ira (quando se frustram por não realizá-los)", diz o psiquiatra Hugo
Marietan. "Mas estudam os sentimentos das outras pessoas com o objetivo de
manipulá-las". O choro do psicopata não é espontâneo, e sim puro teatro
para conseguir alguma coisa. Ele despreza os colegas ao vê-los rindo ou
chorando. Um outro jeito de ver a vida.
"Ele atirava fezes nas pessoas e praticava atos sexuais
com outras crianças." - Médico que examinou o garoto. Brasil.
Fonte: Superinteressante