Amigo feio de cara, feio de bunda. Colega desengonçado,
malfadado pelo destino que lhe colocou nesse pequeno mundo de meu deus
completamente desprovido de simetria e beleza. Não te preocupais! Pra tudo
nessa vida há de haver um jeito, menos pra morte.
Vivemos em uma sociedade em que os bonitos estão no topo da
cadeia alimentar, se me perdoem o trocadilho. São aqueles garotões com traços
delicados e jeito de quem quer colo. Temos aí em dúzias! De James Dean e Elvis
Presley a Robert Pattinson e Jared Leto. Homens de narizinhos desenhados e
sorriso de moleque que fazem qualquer fêmea cair de amores. Eles são lindos e
cheirosos, carentes e rebeldes sem causa alguma. Pra que se rebelar quando se é
bonito pra cacete?
Mas essa não é lá das afirmações mais assertivas. Há também
aquele grupo de homens feios a beça que, por incrível que pareça, fazem
corações femininos palpitarem descompassados. São ogros que muito provavelmente
foram rejeitados em outros tempos, taxados de “Quasimodos”, tomados de canto.
Só que, por algum arrependimento do tal acaso, ganharam uma segunda chance e os
encheram com algum feromônio potente, capaz de cegar as pequenas e deixá-las em
transe. São esses, meus cúmplices, verdadeiros homens de sorte.
Digo isso porque são esses homens que acabamos tomando como
referência para beleza masculina. Como nós, pessoas comuns, não podemos
alcançar o Olimpo dos agradáveis para os olhos, marchamos em direção ao reduto
dos feios estilosos, na ardilosa busca do segredo deles.
Hoje, o espanhol Javier Bardem figura como capitão dessa
tropa. Woody Allen, outro feio, mas sem o sex appel de Javier, comentou a
melhor definição sobre o ator: “Ele é um touro de Picasso”. Bardem é quadrado,
esquisito, grosseiro. Ele não é delicado, seu rosto não é harmonioso,
proporcional. Nenhuma mulher consegue botar os olhos em Javier Bardem sem
pensar em momentos latinos com esse touro cubista encantador de pequenas.
Sean Penn é narigudo, Vincent Cassel é magrela e cabeçudo,
Benicio Del Toro é uma versão “mendiga” de Brad Pitt, Domingos Montagner é uma
versão tupiniquim do Javier Bardem (ou seja, rascunho do rascunho). Homens que
puxam o sex appel de seus personagens pra si e, com isso, acabam passando por
galãs sedutores que toda mulher queria ter na cama.
Por que elas se derretem tão facilmente por eles? Por que
queremos ser eles? Qual é a desse bando de representantes da beleza escondida?
Seria o talento? Os holofotes caros que iluminam cada
rostinho torto? Será que são esses homens espertos que souberam tomar a
personalidade de seus personagens fortes e parrudos? Transferiram a virilidade
de seus papéis e agora vivem em uma farsa eterna? Prefiro acreditar que não.
Afinal, todo mundo conhece outros desengraçados que
conseguem, sem ter fama e fortuna, contabilizar um belo número de mocinhas com
quem já teve a oportunidade de passar aquele tempo a sós. Temos o professor de
cursinho que sempre fazia as meninas errarem cálculos e pedir uma aula particular
(muitas delas devidamente atendidas). Aquele mecânico que se vê na iminência de
entregar os carros prontos na casa da cliente. Ou então aquele amigo bobo que
só faz palhaçada, mas sempre sai do churrasco do fim de semana acompanhado.
Atitude, pegada forte, postura de macho. Podemos passar
horas citando possibilidades, enumerando fatos e listando estratégias. O fato é
que nem só de beleza vive um homem. É o estilo, o cuidado, o conhecimento do
mundo. Sim, campeão, inteligência costuma ser bem afrodisíaco.
Se você reparar bem, esse é o tipo de cara sempre envolto em
masculinidade. Ele é durão, machão, tem um sorriso curto que sempre quer dizer
“Vamos lá pra casa”. Esse tipo de cara não sai gargalhando por aí, não fica de
segredinhos pelos cantos. Esse tipo de homem segue uma conduta clara e
irrestrita de como ser homem.
Seja lá o que for, o importante é que homem pode sim ser
feio, excluído do hall dos perfeitos, pode até dividir a opinião feminina entre
as que o amam e as que o odeiam. Mas uma coisa é certeira, amigo disforme, nada
como a boa e velha masculinidade à flor da pele pra estar pronto pro jogo.
E aí? Qual é o teu sex appel? (Não vale falar que é “ser
bonito” que a gente não vai acreditar).
Fonte: Portal Homem