Sei que muitas mulheres vão me execrar depois de ler esse
texto, mas de tudo que vivi e observei, concluí com muita calma, para escrever
cada palavra aqui expressa. A verdade é que não tolero rótulos e muito menos
situações que coloquem o homem como um troglodita, infiel, insensível e incapaz
de entender uma mulher. Esse conceito é obsoleto e traz um ranço desnecessário
e ultrapassado. Os tempos mudaram, para todos nós. Esse maniqueísmo, macho e
fêmea, algoz e vítima, têm que acabar. Existe gente bacana e gente não tão
bacana assim.
Homens interessantes complementam mulheres interessantes e vice versa. Creio
piamente que os afins se atraem e que é possível esse complemento e esse
encontro perfeito entre os gêneros. Acredito mais ainda, que as diferenças que
na verdade nos unem, é o tempero perfeito para uma relação gostosa, duradoura,
sensual e sempre inovadora! Temos nossas diversidades hormonais, culturais, mas
isso tudo se administra. Contribuímos tão positivamente nessas evoluções
ao longo do tempo, para o crescimento do homem. Hoje, ele é mais sensível,
demonstra afeto, ouve mais, divide a criação dos filhos, administra a casa, se
importa em ser presente. E nós, mudamos culturalmente de forma positiva?
O que não entendo é que lutamos tanto por tanta coisa, por liberdade, igualdade e ainda não conseguimos compreender que não somos e nunca seremos iguais, graças a Deus!!!!!! Temos enorme dificuldade de entender que mais do que se igualar, temos que crescer juntos e ajustarmos certas arestas, tão erradas, culturalmente falando. Acabamos nos tornando clones patéticos e fakes de nossos "modelos". A mulher em busca de uma pseudo "igualdade" ficou extra large em gestos, vocabulários e adotou um comportamento bizarro do qual, tanto refutou: o orgulho de ser infiel agora vigora no dia a dia, no vocabulário e nas atitudes femininas. Já ouvi, mãe transmitindo para a filha o conceito e as vantagens da infidelidade. E isso é tratado como um mérito, um up grade. Isso pra mim é um enorme retrocesso, pois fomos beber da fonte da qual tanto criticamos, por anos de imposição cultural. Ficamos amargas, secas, grosseiras, perdemos a feminilidade, que em nada tem a ver com personalidade.
Nos descaracterizamos e assim evoluímos, enquanto o homem, melhorou se aprimorou, ficou mais humano. Houve um grande engano e uma grande frustração. Queremos estar mais próximas do ideal masculino, do homem que amamos e, no entanto estamos mais preocupadas em malhar nossos corpos e esticar nossas faces, para a melhor amiga ter inveja. Valores terríveis foram manipulados e quem saiu perdendo fomos nós, viramos um estereótipos da "barbie" e o nosso " Ken", quer rever a velha "Susie", com toda a sua anatomia mais arredondada e humana. Ponto para eles, que souberam nessa reviravolta, absorver o que tínhamos de melhor e nota zero para nós, que nos apropriamos do que havia de pior neles. Novamente, se estabeleceu um enorme vazio e uma grande lacuna!!!
Ontem, na sala de espera de um consultório médico, pude ouvir a conversa entre duas mulheres casadas, que se enalteciam de suas "escapadas". Havia muito orgulho, no que diziam. Uma delas ainda falava que traia mesmo e que quando olha um homem na rua, passa a mão, diz que é gostoso e ainda o convida para um programa. Elas riam demais e buscavam em mim, ali no outro canto da sala, certa cumplicidade, claro que eu não pude conter o riso várias vezes, pois o papo estava tão surreal, que chegava a ser hilário. Saí dali e fiquei pensando muito mais no que as duas falaram do que no meu diagnóstico. Refleti muito, sobre essa conversa e cheguei a uma conclusão de que era sim um papo triste, apesar das gargalhadas e da aparente aura de bem resolvidas, havia ali um resultado cultural para lá de equivocado.
Confio plenamente que homem pode ser sensível sim, homem
respeita valores sim, homem é generoso sim, homem pode ser fiel sim, mas do
outro lado tem que haver uma mulher que responda que atue e que não o induza a
repetir padrões estéticos e culturais. Caetano já dizia com sabedoria
"podemos ver o mundo juntos, sermos dois e sermos muitos, nos sabermos
sós, sem estarmos sós.." Mulheres que costumam dizer a celebre frase: não
existe homem fiel, certamente estão induzindo o seu , a agir dessa forma.Mulher
quer ser amada, show!!!! Homem, também!!! Homem trai, mulher também!!!
Lealdade, fidelidade, são qualidades inerentes e presentes ao caráter, situação
e formação de cada pessoa, independente do gênero.
Homens não são clichês, seres não são clichês. Chato isso de rotular pessoas, situações, de encaixar cada um num determinado padrão de comportamento. Cada um de nós, independente do sexo, temos nossa história como base e nossa vontade como objetivo, mas é no percurso e no meio do caminho quando a gente se cruza, que a magia acontece e que o desafio instiga e a vida nos dá de presente a alegria desse encontro, para evoluirmos juntos. Sempre gostei de ter amigos, às vezes mais do que ter amigas apesar do risco de uma atração, de um sentimento não correspondido. Adoro a companhia masculina, a forma como lidamos com um mesmo problema, de forma tão singular e ao mesmo tempo tão complementar, seja como amigos, amantes, namorados...Há uma enorme parceria nesses casos. Não há competitividade, é mais leve. A objetividade mais presente na alma masculina contribui demais e o papo flui melhor. Rola até papo cabeça.
Sinceramente, posso afirmar que tive o prazer de encontrar homens maravilhosos, sensíveis e leais. Mérito meu? Não, apenas o desejo de ambos e o foco convertido na vontade de acertar, sem jogo, e principalmente em dar ao outro o melhor. Homens não são de Marte e muito menos, mulheres são de outro planeta. Não há manual nem bula, ainda bem. Estamos todos no mesmo barco e a arte desse encontro traz a sorte como prêmio e a sabedoria como manutenção. Compliquemos menos, meninas e vivamos a diferença!!
Fonte: Revista Mensch por Bia Serra