Quando falamos em Contos de Fadas, o que vem em nossa mente?
Tudo começa com "Era uma vez" e termina com "E eles foram
felizes para sempre...". É o que nossas mães nos contavam antes de irmos
dormir (ou não). Essas historinhas fizeram parte da infância de muita gente,
nos trazendo lições de coragem, amor e amizade. Havia sempre uma princesa, que
sofria nas mãos de uma madrasta má, porém, ela era salva por um belo príncipe,
que matava o vilão e vivia feliz para sempre com sua amada.
E se eu disser
que isto tudo não passa de uma grande mentira? Cinderela não era tão inocente e
a Chapeuzinho Vermelho, nem tão santinha. Isso mesmo, muitos dos mais populares
contos infantis, como Branca de Neve e Chapeuzinho Vermelho, tiveram seus
primeiros relatos ainda na Idade Média eram banhados em sangue, sexo e
violência e não eram dirigidas às crianças e sim aos adultos bem
diferente daquelas lindas e românticas adaptações feitas pela Disney.
Conheça
os casos sinistros das versões originais - e nada infantis dos mais populares
contos de fada!
Chapeuzinho Vermelho
Numa versão francesa da história, após interrogar
Chapeuzinho na floresta e pegar um atalho para a casa da vovó, o lobo mata e
esquarteja a velhinha sem dó. A coisa piora quando o vilão, já fingindo ser a
vovó, oferece a carne e o sangue da vítima, como se fosse vinho, para matar a
fome da netinha - que come e bebe com gosto!
Após encher o bucho e praticar canibalismo sem saber,
Chapeuzinho ainda tira a roupa e joga no fogo, a pedido do lobão! O clima,
porém, não é nada infantil, com a garota perguntando o que fazer com a roupa a
cada peça tirada. O lobo só tinha uma resposta: "Jogue no fogo, minha
criança. Você não vai mais precisar disso...".
Ao se deitar ao lado do lobo, já totalmente nua, Chapeuzinho
começa a reparar no físico do vilão, como se desconfiasse de algo. Admirada, a
menina começa a exclamar: "como você é peluda, vovó", "que
ombros largos você tem" e "que bocão você tem", entre outros
elogios à anatomia do bichão...
Agora vamos aos finais:
FINAL FELIZ
Ao fim da versão francesa, Chapeuzinho, sentindo-se
ameaçada, pede para ir ao banheiro (que naquele tempo, ficava do lado de fora
da casa). O lobo, nojentão, insiste para que ela faça xixi na cama mesmo - urg!
-, mas acaba deixando a menina sair. Esperta, Chapeuzinho aproveita o vacilo do
vilão e escapa.
FINAL SANGRENTO
O francês Charles Perrault foi o primeiro a pôr muitos
contos de fadas no papel, no século 17. Ele tornou o final da história mais
sangrento - com o lobo jantando a mocinha - e introduziu a
famosa moral da história, dizendo que "crianças não
devem falar com estranhos para não virar comida de lobo".
FINAL AMENIZADO
No século 19, os irmãos alemães Jacob e Wilhelm Grimm -
famosos compiladores de contos que até então só eram transmitidos oralmente -,
inventaram a figura do caçador. No fim da história, ele aparece e salva a pele
de Chapeuzinho e da vovó, abrindo a barriga do lobo com um facão.
Bela Adormecida
Ao mexer num tear, uma farpa entra sob a unha de Tália,
provocando sono imediato - maldição prevista desde sua infância. Desconsolado,
o pai abandona a casa, largando a filha adormecida sozinha.
Numa caçada, o príncipe, que já era casado, avista Tália e se
encanta por ela e, antes de partir, transa com a moça apagada! Ela ainda
engravida de gêmeos. Um dia eles nasceram e, ao tentar mamar, um deles chupa o
dedo da mãe e retira a farpa, despertando-a.
Ao voltar para mais uma de suas "visitas", o
príncipe, que não era assim tão "encantado", se depara com a bela não
mais adormecida e com dois filhos. Ele passa, então, a esticar as caçadas para
manter a vida dupla. A esposa desconfia e põe um espião na cola do marido.
O príncipe esconde as crianças e abre o jogo com Bela - que
a esposa do príncipe estava a fim de devorar. Ao ouvir o choro das crianças, a
mulher do príncipe descobre o engodo e resolve devorar todo mundo.
Furiosa com o marido por assumir Bela como esposa, a ex do
príncipe aproveita a sua ausência e ordena ao cozinheiro que faça para ela um
rango com a carne dos filhos de Tália. Mas no último instante, o príncipe
aparece e a bruxa de sua ex-mulher se assusta e cai dentro do caldeirão
fervente que estava pronto para cozinhar as crianças.
Agora a vilã é a mãe do rei. A sogra de Bela, uma ogra (é
este mesmo o feminino de ogro?) faminta por crianças! Não à toa, o rei não
conta nada à megera sobre seus netinhos. Mas em outra versão a ogra come os
netos e a nora, o príncipe, ao perceber que estava viúvo, mata a própria mãe e
FIM! Belo final, não?
Cinderela
Na versão de Giambattista Basile, chamada A Gata
Borralheira, Cinderela une forças com outra empregada para matar a madrasta. Um
dia, quando a megera pega roupas num baú, a moça lhe fecha a tampa na cabeça.
Os irmãos Grimm botam mais sangue no miolo da história.
Quando o príncipe visita as casas para identificar o pé de sua amada, as irmãs
malvadas de Cinderela se mutilam, cortando dedos e calcanhares para fazer seu
pé caber no sapato e enganar o príncipe. Mas elas são desmascaradas pelos
pássaros amigos da Cinderela, que mostram ao príncipe o sangue
escorrendo pelo sapato, e depois, como vingança, arrancam os
olhos das duas irmãs e da madrasta, que terminam suas vidas cegas e mancas.
Branca de Neve
Na primeira versão dos Grimm, de 1810, é a própria mãe, e
não a madrasta da Branca de Neve que pira no espelho querendo ser a mais bela
do reino. Invejosa por perder o posto, planeja dar um sumiço na filhinha de
apenas 7 anos.
A rainha manda um caçador matar Branca de Neve na floresta,
trazendo o fígado e um pulmão como prova do serviço. Ele engana a rainha com
carne de javali, que a mãe come achando ser da filha.
Após ter o plano frustrado, a rainha é condenada, no meio da
festa de casamento de Branca com o príncipe. Como pena, a ex-poderosa tem que
dançar até a morte calçando sapatos de ferro em brasa!
A Pequena Sereia
No original, a Bruxa do Mar corta a língua de Ariel, que
perde a voz. Além disso, a sereia tem a cauda rasgada em duas para conseguir
ter pernas e conquistar o coração do seu amado príncipe humano. Apesar de ter
conseguido as pernas, ela iria sentir como se estivesse andando sobre facas
afiadíssimas, o que lhe causava terríveis dores a cada passo.
Na insistência para que Ariel voltasse a ser sereia, suas
irmãs invejosas chegam a arrancar os cabelos - literalmente! O objetivo era
oferecer as madeixas para que a bruxa do mar rompesse o encanto. A bruxa,
traindo Ariel, assim fez.
Ariel volta a ser sereia e o príncipe a abandona, trocando-a
por outra. As suas irmãs aparecem com uma faca de prata que a Bruxa do Mar lhes
deu em troca dos seus longos cabelos. Se a Pequena Sereia esfaquear o príncipe
com a faca e deixar o sangue dele cair sob os seus pés, ela iria voltar a ser
uma sereia e o seu sofrimento iria acabar, mas Ariel não teve coragem para
esfaquea-lo e decidi se matar, atirando-se no mar e dissolvendo-se em espuma.
João e Maria
Com a família assombrada pela fome, a mãe instiga o marido a
levar os filhos para a floresta. A ideia é largá-los por lá, ficando com menos
bocas para alimentar em casa. O pai hesita, mas acaba cedendo.
Só que João e Maria ouvem a tramoia dos pais e espalham
migalhas pela estrada, conseguindo voltar para casa. Mas eles se perdem, pois
os pássaros comem as migalhas de pão que marcavam o caminho.
Na mata, os pequenos acham uma casa toda feita de comida. A
bruxa já lambia os beiços pensando em jantar as crianças. Ela manda Maria ajudar
João a entrar no caldeirão fervente, mas Maria finge não conseguir e a bruxa
vai mostrar como se faz, Maria aproveita e empurra a vilã para o caldeirão,
mata a megera, e os dois ainda saqueiam a casa antes de sair!
Os Três Porquinhos
Na história verdadeira os dois primeiros rabicós não
conseguem fugir depois de ter a casa destruída e são engolidos pelo lobo. Só
que o lobo não consegue enganar o terceiro porquinho e nem derrubar a casa
dele. Irado, acaba se enfiando na chaminé, o porquinho percebe e põe um
caldeirão fervente na lareira, onde o lobo acaba caindo e vira a janta do
porco.
O Flautista de
Hamelin
Nessa historia, um tocador de flautas mágico é contratado
por uma cidade para livra-la de uma infestação de ratos. Ele cumpre seu papel,
mas quando volta para receber seu tão suado dinheirinho, a cidade se recusa a
pagar. Daí, como vingança, ele usa os poderes de sua flauta para raptar todas
as crianças da cidade e só as devolve após receber seu pagamento.
Mas, o conto original não é bem assim, nele, o encantador
resolve dar o troco, pagando na mesma moeda, e não devolve as crianças mesmo
depois de receber sua recompensa. Na verdade ele faz com que elas todas se
afoguem num rio. E, em algumas versões ainda mais antigas, há referencias a
pedofilia em massa dentro de uma caverna escura.
Rumpelstiltskin
Primeiro contarei a história, que muitos ainda não conhecem:
Para impressionar o rei, com o objetivo de fazer o príncipe casar com a sua
filha, um moleiro bastante pobre mente e diz que ela é capaz de transformar
palha em ouro. O rei chama a moça, fecha-a numa torre com palha e exige que ela
transforme toda a palha em ouro até de manhã, durante três noites, ou será
executada. Algumas versões dizem que, se ela falhasse, seria empalada e depois
cortada em pedaços como um porco, enquanto outras não são tão sádicas e dizem
que a moça ficaria fechada na torre para sempre. Ela já tinha perdido toda a
esperança, quando aparece um duende no quarto e transforma toda a palha em ouro
em troca do seu colar; na noite seguinte, pede-lhe o seu anel. Na terceira
noite, quando ela não tinha mais nada para lhe dar, o duende cumpre a sua
função em troca do primeiro filho que a moça teria com o príncipe. O rei fica
tão impressionado que decide dar seu filho para casar com ela, mas quando nasce
o primeiro filho do casal, ela não consegue o entregar. Rumpelstiltskin diz a
ela que ele vai deixá-la em paz, se ela adivinhar o seu nome. Ela havia
escutado ele cantar o seu nome perto de uma fogueira e por isso ela adivinha-o corretamente.
Rumpelstiltskin, furioso, corre longe, para nunca mais ser visto.
A história é a mesma, exceto pelo final. Rumpelstiltskin
fica tão irritado por a princesa ter acertado seu nome que ele enterra o seu pé
direito na areia, pega a sua perna esquerda e a puxa com toda sua força para
cima, rasgando-a no meio.
Fonte: Mundo Estranho, Monte Olimpo