Dislexia: o que é, como identificar e tratar


Dificuldade de aprender, indisciplina, preguiça e desatenção podem ser frutos da dislexia. Tem criança que aprende fácil, fácil, a ler. Outras demoram um pouco, mas acabam aprendendo também. Com outras o processo é bem mais difícil: são meninos e meninas atormentados pela dificuldade de entender letras e algarismos (o "b" vira "d", o "16 se torna "61"), apesar de ter enorme talento em outras atividades - esportes, por exemplo.

 “Cerca de 5 a 10% da população mundial em idade escolar apresentam deficiência na leitura e na escrita", explica o neurologista e neuropediatra Mauro Muszkat. "E é esse problema, a dislexia, uma das causas da evasão escolar no País."

Quem sofre de dislexia não consegue identificar as letras de uma palavra, e por isso o problema se torna perceptível durante a alfabetização. Ela se atrapalha com o que a professora escreve no quadro-negro - números incluídos. Certo é que a criança disléxica, embaraçada, foge da classe para não ter de ler perante os colegas. É importante, porém, procurar um especialista antes de tachar as crianças com dificuldade de leitura como disléxicas. São os neurologistas, fonoaudiólogos, psicólogos e psicopedagogos que ajudam a diagnosticar e tratar o distúrbio.

A seguir, Mauro Muszkat detalha o que a família precisa saber sobre esse distúrbio.

1. O que é dislexia?

A dislexia nada tem a ver com a falta de audição, muito menos com o QI reduzido.
Há pais que explicam o fato de o filho tirar nota baixa no aprendizado da linguagem por ouvir mal ou pior, por ser pouco inteligente. "A criança que sofre de dislexia apresenta, na verdade, dificuldade na transformação da imagem da palavra em som, ou seja, ela faz associações erradas entre palavras e sons", enfatiza Mauro Muszkat. "Para os pais, o importante é estar ciente de que ela pode ser inteligente de outras maneiras, mesmo sem ler e escrever bem."

2. A dislexia é um problema que se torna visível em idade de alfabetização.

Muitas vezes a criança que apresenta alguma dificuldade na leitura já é rotulada de disléxica, o que só prejudica o desenvolvimento da sua aprendizagem. Entenda: a criança que sofre de dislexia não sabe associar o som à letra de uma palavra, nem entende rimas muito bem menos brinca com as palavras. "Esses são sinais clássicos de dislexia, que exige o diagnóstico de um especialista, que vai orientar o tratamento", diz Mauro Muszkat.

3. É possível amenizar os efeitos da dislexia

A criança que sofre de dislexia tem hoje à disposição um bem planejado processo de reabilitação. Apesar de não existir cura para a dislexia, a Ciência já sabe indicar o que deve ser feito para devolver a criança com esse tipo de problema às atividades normais. "O cérebro tem
enorme capacidade de se reorganizar e dar cobertura a essa deficiência", garante Mauro Muszkat.

4. Quanto mais cedo a família procurar a ajuda de um especialista melhor.

"O ideal é que a criança disléxica comece o tratamento antes dos 10 anos", salienta Mauro. Para tanto, ele recomenda que o diagnóstico seja feito tanto por um neurologista quanto por um especialista em fonoaudiologia. E não só. "Por atingir a autoestima, a criança que sofre de dislexia é vítima em potencial de bullying", alerta o especialista. O que torna uma avaliação psicológica essencial para entender todas as causas que levaram essa criança a se tornar disléxica.

 Nelita Pires de Figueiredo - Psicopedagoga Clínica e Institucional – FAED - UNIC diz que:

 “Entendemos por dislexia específica ou dislexia de evolução um conjunto de sintomas reveladores de uma disfunção parietal (o lobo do cérebro onde fica o centro nervoso da escrita), geralmente hereditária, ou às vezes adquirida, que afeta a aprendizagem da leitura num contínuo que se estende do leve sintoma ao sintoma grave. A dislexia é frequentemente acompanhada de transtornos na aprendizagem da escrita, ortografia, gramática e redação. A dislexia afeta os meninos em uma proporção maior do que as meninas” (M. Condemarin e M. Blomquist, Dislexia, manual de leitura corretiva, p. 21).
Ao que parece, por trás desses problemas específicos de aprendizagem, existe sempre um fator biológico, hereditário, isto é, há uma tendência de a mesma dificuldade ocorrer em outros membros da família. O disléxico tem geralmente uma história de vida, na qual, algum parente próximo apresenta a mesma deficiência de linguagem. Outras vezes, nasceu provavelmente de um parto difícil, em que podem ter ocorrido algum destes problemas: a- anoxia, ou seja, asfixia relativa; b- prematuridade do feto ou peso abaixo do normal; c- hipermaturidade, ou seja, o nascimento passou da data prevista para o parto. Adquiriu, quando criança, alguma doença infectocontagiosa, que tenha produzido convulsões ou perda de consciência. Considera-se ainda, o atraso na aquisição da linguagem ou perturbações na articulação da mesma, bem como, atraso para andar, problemas de dominância lateral (uso retardado da mão esquerda ou direita).

Fonte: Educar para crescer