Você acha que a China é importante na sua vida? Para ter
certeza de que o país asiático possui grande relevância para você, um exercício
muito simples está em analisar os seus aparelhos eletrônicos. Computador, tablet, celular e video game.
Apesar de eles terem sido projetados por uma empresa americana, japonesa ou
coreana, há grandes chances de a montagem ter ocorrido em território chinês.
E você consegue imaginar um mundo sem os produtos fabricados
na China? É possível fazer esse exercício, mas não podemos sequer cogitar a possibilidade
da manutenção dos preços baixos e, consequentemente, da popularidade atual de
produtos eletrônicos. Confira agora como seria esse universo paralelo em que os
produtos chineses não são uma realidade.
Mão de obra barata: um triste reflexo da superpopulação
Você sabe qual é o grande motivo para que tantas empresas
optem pela China na hora de instalar suas fábricas ou terceirizar os
serviços de outras que já estão por lá? Acertou quem disse “mão de obra
barata”. Os trabalhadores chineses possuem salários muito baixos e aceitam
trabalhar dessa forma por falta de opções melhores no mercado. Em uma análise
crua: “Se um não aceitar, há outro na fila”.
Fábrica
da Foxconn (Fonte da imagem: Reprodução/ABC News (YouTube))
A grande vilã nesse caso é a superpopulação chinesa. Com
mais de um bilhão de habitantes, o país sofre para alocar todos os chineses em
postos de trabalho que possam ser considerados saudáveis — não somente pelas
atividades, mas devido à longa duração das jornadas e também pelas condições às
quais são expostos. Vendo essa deficiência, os empregadores podem oferecer
baixos salários, pois sabem que vai haver procura por eles.
Com muita mão de obra e pouco gasto com ela, as fábricas
conseguem tornar muito mais barato o processo de produção nas linhas de
montagem, o que gera uma maximização dos lucros — mas não aumentando os preços,
pois isso faria com que as empresas contratantes procurassem outras fábricas. E
isso tudo acaba sendo repetido ininterruptamente.
Mas e se a mão de obra chinesa fosse cara?
Como já ficou claro, é o baixo custo e alta oferta que
tornam a China um ótimo polo industrial para as empresas que projetam
equipamentos eletrônicos. Se não existisse essa oferta, seria necessário
investir em fábricas em outros países. A Apple, por exemplo,
possui linhas de montagem contratadas da Foxconn aqui no Brasil, mas o custo é
bem mais alto do que o chinês.
Linha
de montagem da Seagate (Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)
Outros polos industriais teriam que ser explorados, o que
aumentaria a disputa em todo o mundo. E quem sempre leva vantagem nesse caso
são as montadoras, que fazem “leilões” entre diferentes nações para ver em que
país teriam mais vantagens — impostos mais baixos, mão de obra facilitada e
outros fatores. Sem a China, quem seria o grande “vencedor”?
Menos opções no mercado
Se existem centenas de smartphones e tablets no mercado, um
dos grandes motivos é a capacidade de produção das fábricas chinesas. Não
havendo essa disponibilidade, certamente teríamos uma redução no volume de
produtos fabricados. Logo, as empresas teriam que limitar as linhas de montagem
aos aparelhos com melhor saída — que geralmente são os tops de linha.
Menos
opções estariam presentes (Fonte da imagem: Reprodução/Samsung)
Utilizaremos agora um exemplo para facilitar a compreensão.
A Samsung possui
uma extensa linha de smartphones no mercado, sendo que há modelos econômicos e
modelos mais caros. Na ausência de mão de obra e incentivos fiscais para
produzir materiais muito variados, a empresa teria que se dedicar ao processo
de fabricação dos aparelhos de melhor saída.
Popularização, cadê?
Com menor variedade e maiores custos, é claro que quem
sofreria seriam os consumidores. Os preços seriam mais altos também para eles.
Sem a produção chinesa, certamente não teríamos a popularização vários dos
aparelhos eletrônicos, que hoje são acessíveis a grande parte dos consumidores.
Acredite: o seu celular custaria muito mais do que custou.
Eletrônicos são só a ponta do iceberg
Nós estamos acostumados com os aparelhos eletrônicos sendo
produzidos na China, mas nem sempre paramos para pensar na quantidade de
produtos que vem do mesmo país. Roupas, calçados e brinquedos são excelentes
exemplos de alguns materiais que estão nas prateleiras de todo o mundo e que são
oriundos das fábricas chinesas.
Fábrica
de seda, na China (Fonte da imagem: Reprodução/Wikimedia Commons)
Caso os produtos chineses não saíssem do país, é claro que
isso nos afetaria diretamente. Novamente, teríamos aumento dos preços cobrados
por outras empresas. Por consequência, teríamos também a valorização dos
produtos nacionais, que passariam a integrar um pouco mais a lista de compras
dos brasileiros.