Combinar alguns alimentos ou bebida alcóolica e remédios
podem causar problemas à sua saúde. Passe longe destas duplas... Você já
parou para pensar no que vai ingerir junto com seus remédios? “Quando
consumimos líquidos ou alimentos, o pH do estômago muda, e isso pode acelerar
ou reduzir a absorção de medicamentos”, explica Maurício Pupo, farmacêutico
bioquímico e diretor técnico da Consulfarma Consultoria, em São Paulo. Mais: o
que está no copo, ou no prato, pode diminuir o efeito dos remédios ou
aumentá-lo, causando problemas a você.
Fuja das combinações que listamos a seguir e evite
agredir sua saúde quando precisar de um comprimido.
Leite + antibióticos
O cálcio presente na bebida pode evitar que os ativos que
compõem alguns tipos de antibióticos, como a tetraciclina, sejam absorvidos
corretamente. “Leite também é um péssimo acompanhante para suplementos de
ferro, pois neutraliza a absorção do mineral”, diz Wilmar Accursio,
endocrinologista e nutrólogo de São Paulo e presidente da Sociedade Brasileira
para Estudos do Envelhecimento (Sobrae).
Grapefruit + ansiolíticos ou antidepressivos
Talvez sua parceira já tenha incluído nas compras uma caixa
de suco de grapefruit. A fruta gringa está na moda por conter antioxidantes. Ou
seja, ela ajuda a retardar o trabalho de radicais livres que provocam
envelhecimento e mau funcionamento das células. Mas o suco e a fruta são má
opção para quem toma ansiolítico (tranquilizantes), mesmo que seja só aquele
remédio para dormir melhor.
Segundo pesquisa publicada no American Journal of Clinical
Nutrition (EUA), o grapefruit possui substâncias que bloqueiam a ação de
enzimas do sistema digestivo e do fígado, prejudicando a absorção de remédios
para ansiedade, antidepressivos e medicamentos para dormir, em geral. Aí, parte
do remédio que não foi absorvido fica no sangue, o que pode facilitar
intoxicação e aumentar efeitos colaterais como tontura, náusea, confusão mental
e diarreia. Outros sucos estão liberados. “Ainda não foi comprovado qualquer
risco desse tipo com frutas brasileiras”, diz Maurício Pupo.
Antiácidos + qualquer medicamento
De dia, você detonou no churrasco com birita. À noite, comeu
pizza com a garota. Entre os dois programas, ainda passou na casa da sua mãe e
traçou um pedaço daquele bolo que só ela sabe fazer. Aí, claro, o estômago
reclamou e você tentou resolver com antiácido. Indicado para ajudar na
digestão, esse tipo de medicamento muda o pH gástrico e incentiva a absorção da
comida e de outros remédios. Quando isso acontece, a ingestão de outros
fármacos, até os mais simples, como uma aspirina, aumenta bruscamente, causando
intoxicações e efeitos colaterais. “Para evitar que isso aconteça, faça um
intervalo de pelo menos duas horas entre a ingestão do antiácido e a de outro
medicamento”, aconselha Maurício Pupo.
Bebida alcóolica + paracetamol
Chegou a sexta-feira, você vai emendar trabalho e happy
hour. Mas o relatório interminável causou dor de cabeça. Você, precavido, abre
a gaveta e saca logo um analgésico. Mas veja lá qual a composição dele.
Nessa
hora, o melhor é evitar um que contenha paracetamol, ativo comum em remédios
para aliviar esse tipo de incômodo. Duas a três doses de bebidas (você toma
menos que isso em uma happy hour?) junto com paracetamol pode atrapalhar o
trabalho do seu fígado, evitando que ele elimine toxinas. Aí, muitas delas
ficam mais tempo circulando no seu corpo.
“O paracetamol é famoso por sua toxicidade para o fígado.
Quando associado com frequência ao álcool, substância também hepatotóxica, pode
facilitar o aparecimento de hepatite medicamentosa”, alerta Anelise Taleb,
farmacêutica e bioquímica de São Paulo. Por isso, não importa o tamanho da
ressaca, não cure a dor de cabeça com paracetamol.
Bebida alcoólica + pílulas de vitamina
Não há nada de mal em beber moderadamente. Mas, você leu:
birita é hepatóxica, ou seja, sobrecarrega o fígado. O problema é misturar a
birita com outras substâncias que também exigem bastante do fígado, como
pílulas de vitaminas. “Elas, em geral, são seguras se tomadas nas doses
recomendadas. Mas o álcool pode modificar o poder de absorção do seu organismo
e fazer com que resíduos das pílulas fiquem circulando por ele”, explica
Maurício Pupo. Fique de olho especialmente nos complexos vitamínicos que contêm
ferro, selênio e manganês, que podem causar intoxicações mais sérias.
Bebida alcoólica + metronidazol
O antibiótico usado para tratar doenças sexualmente
transmissíveis (DSTs), se misturado com birita, pode provocar suor,
taquicardia, variações bruscas na pressão sanguínea, náusea, vômito e
sonolência. Mais: “O metronidazol inibe a enzima que metaboliza o álcool,
fazendo com que toxinas permaneçam no organismo, que sai do seu funcionamento
normal”, diz Pupo. “Aí ele não consegue absorver o antibiótico
apropriadamente.” Só beba pelo menos três dias depois de parar de tomar o
antibiótico.
Bebida alcoólica + anti-histamínicos
O grande problema aqui é o aumento de efeitos colaterais dos
ativos que agem contra as alergias. “A combinação do álcool com o medicamento
intensifica problemas como sonolência e tonturas, podendo levar, em casos
extremos, à sedação com diminuição de reflexos e consciência”, alerta Anelise.
Bebida alcoólica + anabolizantes
Vários anabolizantes são versões sintéticas de hormônios e
aumentam a capacidade do corpo de produzir músculos. Mas a substância gera
muitas toxinas. “Ao consumir anabolizantes e álcool, você aumenta – e muito – a
chance de uma intoxicação”, alerta Accursio.
2,3 mil é o número de medicamentos (como analgésicos e
antitérmicos) que voltaram a ser vendidos sem prescrição em agosto.
Fonte: Anvisa
Furada ao quadrado
Confira o que piora quando duas drogas ilícitas forem
misturadas com birita ou energético
Cocaína + energético
“As duas substâncias agem no mesmo lugar do organismo: elas
excitam o sistema nervoso central”, explica Wilmar Accursio. E, pior, quando
consumidas juntas podem potencializar a ação uma da outra e aumentar os efeitos
colaterais. O resultado desse mix pode ser taquicardia, tremedeira e crise de
ansiedade.
Ecstasy + bebida alcoólica
O efeito é parecido com o causado pela combinação anterior.
A droga e a bebida são estimulantes e, misturadas, podem dar taquicardia, por
exemplo.
Fonte: Revista Men´s Health