Você provavelmente já ouviu falar em “efeito placebo” e em
“efeito estufa”, mas por acaso conhece os efeitos “castanha-do-pará” e “cortina
de banheiro”? Abaixo, você confere esses e mais outros efeitos não tão célebres
(mas nem por isso menos intrigante).
Efeito Sucrilhos
Pequenos objetos flutuando em água (ou em líquidos com uma
densidade parecida) tendem a atrair uns aos outros e se deslocar para as bordas
do recipiente – fenômeno que é conhecido em inglês como “cheerios effect” (em
referência ao cereal cheerios).
Esse efeito se deve, em grande parte, à chamada tensão
superficial, que é a tendência que superfícies de líquidos têm de agir como uma
membrana flexível e resistir à entrada de objetos que flutuem sobre elas. O
cereal, embora seja mais denso que o leite, tende a flutuar por causa da tensão
superficial, mas, em contrapartida, “afunda” levemente a superfície, atraindo
outros cereais – e o próprio movimento faz com que se desloquem para a borda do
recipiente.
Efeito castanha-do-pará
Também chamado de “convecção granular” ou “efeito Muesli”, o
fenômeno faz com que, quando um grupo de partículas de tamanhos diferentes é
chacoalhado verticalmente, as maiores acabem ficando por cima – o que contraria
a suposição de que, por serem mais pesadas, elas deveriam afundar. O nome do
efeito vem do fato de que, em potes com castanhas e nozes, a castanha-do-pará
geralmente acaba ficando por cima.
O fenômeno foi estudado pela primeira vez na década de 1930
e, apesar de tudo o que foi descoberto a respeito, ainda permanece algumas
dúvidas. A princípio, duas tendências ajudam a explicar esse efeito: percolação
(em que partículas menores tendem a se deslocar para baixo, caindo pelo espaço
existente entre partículas maiores) e convecção (em que as partículas maiores
são empurradas para cima). Acredita-se que temperatura e pressão também
desempenhem um papel nessa história, mas ainda são necessários mais estudos
para se chegar a uma conclusão satisfatória.
Efeito do falso
consenso
De modo geral, as pessoas tendem a superestimar o quanto os
outros concordam com os posicionamentos delas – o que reforça a crença de que
elas estão “certas” a respeito do que pensam.
Se acreditamos em algo, naturalmente pensamos que estamos
corretos (porque, afinal de contas, se achássemos que estávamos errados,
acabaríamos mudando de opinião). Como, além disso, buscamos conviver com
pessoas que pensam como nós (ou, ao menos, não costumam contrariar nossas
crenças), temos a impressão de que existe um certo consenso alinhado com nossas
opiniões – mesmo quando somos minoria.
Efeito chocolate
quente
Se você encher uma caneca de leite e bater nela com uma
colher de metal, ouvirá um som com um determinado tom; se você repetir o
experimento depois de acrescentar achocolatado em pó no leite, inicialmente o
som terá um tom mais baixo e, quando o pó se dissolver, voltará ao tom inicial.
Estudado pela primeira vez em 1982, pelo físico Frank
Crawford, esse efeito ocorre porque o som percorre o conteúdo da caneca a uma
velocidade diferente quando um novo elemento (no caso, o achocolatado em pó) é
introduzido e provoca alterações na organização das moléculas do líquido.
Depois que o pó se dissolve, a densidade do líquido volta a um valor próximo ao
inicial. Apesar de o fenômeno ter uma explicação razoável, fica a pergunta:
como Crawford conseguiu reparar em um fenômeno tão específico?
Efeito de Lake
Wobegon
Nomeado em referência às crianças da fictícia cidade de Lake
Wobegon, que se sentem “acima da média”, esse efeito é formalmente conhecido
como “superioridade ilusória” – as pessoas geralmente tendem a sentir que têm
um desempenho superior ao das demais em determinadas tarefas, como dirigir ou
praticar esportes.
Em 1981, um estudo realizado na Suécia e nos Estados Unidos
mostrou que esse fenômeno é especialmente comum entre motoristas: 93% dos
entrevistados estadunidenses e 69% dos suecos consideravam que dirigiam melhor
do que “a média”.
Efeito nome-letra
Temos a tendência de “gostar mais” de letras que aparecem em
nossos nomes (especialmente as iniciais), possivelmente pela frequência com que
nós as escrevemos e lemos. De acordo com certos estudos (controversos, vale
dizer), essa preferência pode acabar influenciando grandes escolhas das nossas
vidas, como a cidade em que vamos morar (supondo que a decisão seja nossa,
claro) ou a carreira que decidimos seguir.
Efeito de autocinese
Se você observar um único ponto de luz em um local
totalmente escuro, ele aparentemente vai se mover, mesmo que você fique parado.
Esse fenômeno visual ocorre porque, sem pontos de referência para se basear,
sua mente tem dificuldade em “manter” o ponto de luz no lugar – além disso,
movimentos sutis dos olhos também dão a impressão de que o ponto de luz está se
movendo.
Aparentemente inofensivo à primeira vista, o efeito pode ser
perigoso para pilotos de avião (e, naturalmente, para tripulação e passageiros)
à noite, já que, se o ambiente estiver muito escuro, o piloto pode ter dificuldade
em se guiar a partir das luzes da pista de pouso.
Em tempo: o efeito de autocinese é citado como uma
explicação para muitos casos de aparições de OVNIs (Objetos Voadores Não
identificados).
Efeito da cortina de
banheiro
Durante um banho de chuveiro, mesmo sem qualquer corrente de
ar interferindo, a cortina tende a se aproximar de você. Até hoje, nenhum
estudo foi capaz de explicar com 100% de certeza o que há por trás desse
fenômeno. Existem, porém, pelo menos três teorias:
- Buyoancy: O calor emitido pela água do banho altera a densidade do ar, fazendo com que se desloque e mova a cortina – como o fenômeno ocorre mesmo em banhos frios, essa teoria a princípio não se sustenta;
- Efeito Bernoulli: A água sai do chuveiro, desloca partículas de ar e causa alterações na pressão do ambiente;
- Vórtex horizontal: Teoria estudada em modelos de computação, sugere que o jato de água provoca um vórtex horizontal nas partículas de ar, mexendo a cortina.
Efeito Sylvia Plath
Por alguma razão, poetas mulheres têm uma tendência maior a
sofrer de depressão e outros distúrbios psicológicos. Em 2001, o psicólogo
James C. Kaufman começou a estudar o fenômeno da criatividade e, ao analisar
seu vínculo com doenças mentais, criou o termo “efeito Sylvia Plath”, em
referência à famosa poetisa do século passado. Ainda não se sabe claramente o
que há por trás dessa ligação.
Efeito veículo-roda
Essa ilusão de ótica dá a impressão de que as rodas de um
veículo em movimento estão girando mais devagar do que deveriam ou, dependendo
do caso, na direção oposta. Quando observada em filmagens, tem uma explicação
relativamente simples: um filme é composto por quadros passados em sequência
(normalmente 24 por segundo), que criam a ilusão de movimento; quando o cérebro
“preenche” os espaços entre os quadros, pode acabar fazendo isso de forma
incorreta.
Agora, quando isso ocorre na vida real, não é tão fácil de
explicar, e há pelo menos duas teorias a respeito: a primeira sugere que nossos
cérebros processam imagens e movimentos como uma sequência de quadros, similar
a um filme; a outra propõe que se trata apenas de uma confusão ocorrida no
cérebro na hora de analisar a cena.
Fonte: Listverse, HypeScience