Imagine acordar e não conseguir mover nenhum músculo, não
ter controle sobre os olhos e nem mesmo a respiração, sentir-se pesado e preso
à cama.Esse estranho fenômeno é conhecido como paralisia do sono. Você tem
certeza que está acordando, porém, o cérebro acorda em um estado REM (fase do
sono na qual ocorre a maioria dos sonhos) bloqueando os neurônios motores, para
que eles não obedeçam às ordens.
Um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade
de Waterloo, no Canadá, pode ajudar a entender como pessoas que sofrem deste
fenômeno podem se sentir mais ou menos angustiadas. Muitos acreditam que a
paralisia do sono é causando por algo sobrenatural, a sensação não é comum e
causa nervosismo, além de culturalmente ser associada a fantasmas e criaturas
sobrenaturais.
No Brasil, a paralisia do sono tem relação com a lenda da
“Pisadeira”, durante o sono, uma mulher pisa sobre o peito da pessoa que está
dormindo, enquanto essa vê tudo, mas não pode se mexer.
Em 2012 pesquisadores da Universidade de Toronto, no Canadá,
descobriram duas substâncias químicas no cérebro responsáveis por essa paralisia
muscular, a glicina e a GABA (ácido gama-aminobutírico); antigamente se pensava
que só a glicina era responsável por esse comportamento. O experimento
realizado em ratinhos constatou as duas substâncias envolvidas, facilitando o
desenvolvimento de tratamentos para distúrbios motores associados ao sono.
Noite do Terror
Os episódios de paralisa são acompanhados por alucinações e
sensação de falta de ar. Algumas pessoas acreditam que estão prestes a morrer,
outras tem a sensação de estar caindo ou flutuando sobre o corpo. Essas
experiências de sentir que está caindo ou de morte causam mais angústia e medo
do que apenas a paralisia, revela o estudo publicado no jornal Clinical
Psychological Science.
Os pesquisadores James Cheyne e Gordon Pennycook, da Universidade
de Waterloo, entrevistaram 293 pessoas, a maioria mulheres, que contaram sobre
suas experiências com a paralisia do sono. Foi descoberto que as pessoas
ficavam mais angustiadas depois de alucinações relativas a alguma ameaça,
quando eles tinham crenças sobrenaturais sobre sua causa.
O estudo identificou também que pensadores analíticos são
menos propensos a acreditar em crenças sobrenaturais, o que diminuía as chances
de serem afligidos novamente pela paralisia. O estudo não pode fixar uma relação
causal com o fato de pensadores analíticos estarem menos propensos a ter a
paralisa, mas é importante ter a consciência da implicação que as crenças podem
realizar na ocorrência deste fenômeno.
Fonte: Jornal Ciência