O cigarro que não causa câncer tem potencial para mudar o
mundo - mas isso não quer dizer que ele não cause outros problemas de saúde. Você já
deve ter visto alguém fumando um cigarro eletrônico por aí. A ideia é que o
usuário fume através do aparelho para satisfazer sua necessidade de nicotina, inalando
apenas o químico, sem a presença de substâncias cancerígenas, como o alcatrão e
mais 4 mil subprodutos das folhas de tabaco.
A fumaça que o usuário ingere é nicotina vaporizada,
aquecida e liberada pelo aparelho. E seu efeito no organismo é imediato. Ela
passa pelas mucosas dos pulmões e vai para a corrente sanguínea, dirigindo-se,
então, para o cérebro. Uma vez lá, a nicotina é ligada aos neurônios que deixam
o corpo mais alerta. Nesse momento, a dopamina é liberada, um químico que faz
com que você se sinta melhor. Uma hora depois, metade da nicotina ingerida já
foi gasta por seu organismo, fazendo com que você queira mais.
Com o uso regular da substância, fumantes desenvolvem uma
tolerância à ela, fazendo com que eles precisem de quantidades cada vez maiores
para se sentir bem. E isso vale tanto para cigarros convencionais quanto para o
eletrônico.
Mas, enquanto a propaganda do cigarro eletrônico afirma que
ele não causa câncer, poucos estudos foram feitos para determinar os efeitos da
nicotina vaporizada. Apesar de cientistas considerarem que a versão
eletrônica deve ser mais saudável que o cigarro convencional, suspeita-se
que ela ainda possa contribuir para doenças cardíacas e outros problemas de
saúde. Isso porque a nicotina é tóxica, similar em muitos aspectos a alguns
pesticidas. Quando você ingere quantidades muito grandes da substância, pode ficar
enjoado e com dor de cabeça.
Até pequenas doses podem ser perigosas. Na hora em que a
nicotina entra no organismo, o corpo libera adrenalina, fazendo com que seus
batimentos cardíacos, a pressão sanguínea e sua taxa de respiração. Estudos
já provaram que pessoas com doenças coronárias podem ter problemas com cigarros
eletrônicos porque, 10 minutos após seu uso, os níveis de oxigênio no sangue
baixam consideravelmente. Além disso, pesquisa denunciou que as cinco
maiores marcas de cigarros eletrônicos possuem falhas de design e de controle
de qualidade.
Mesmo assim, estima-se que o mercado para os cigarros
eletrônicos irá crescer. Afinal, por mais que seus outros efeitos ainda sejam
desconhecidos, um cigarro que não causa câncer tem um grande potencial de
venda. Estima-se que 3,2 bilhões de dólares serão gastos na tecnologia em 2015,
contra 416 milhões em 2010. Mesmo assim, vendas futuras ainda dependem de
respostas para as questões ainda não esclarecidas sobre os efeitos colaterais
do aparelho.
Fonte: Revista Galileu, Business Insider