Nesta semana temos mais uma sexta-feira 13 e desta vez não
eu não poderia deixar de comentar este assunto tão popular, que tem suas
origens na mitologia, na numerologia e na interpretação supersticiosa de alguns
fatos históricos. Em geral, sexta-feira treze é considerado um dia de azar, em
que os mais supersticiosos evitam realizar coisas importantes ou até mesmo sair
de casa.
Uma pesquisa feita nos Estados Unidos mostrou que há um
grande número de pessoas que evitam suas rotinas diárias quando é sexta-feira
13, inclusive deixando de fechar negócios ou cancelando viagens de avião. O
prejuízo associado à esta data é estimado em quase um bilhão de dólares.
Alguns indicadores sociais coletados por centros de
gerenciamento de estresse e institutos de tratamento de fobias mostram que há
cerca de 20 milhões de norte-americanos afetados pelo medo desta data.
Existem muitas teorias a respeito da origem da superstição
relacionada à sexta-feira 13, mas é certo dizer que se trata de uma mescla de
duas crenças negativas associadas ao número 13 e ao dia de sexta-feira.
Curiosamente, esta superstição se espalhou por ter seus
elementos fundadores relacionados ao Cristianismo e seus eventos mais
importantes.
O episódio mais dramático da vida de Jesus aconteceu numa
sexta-feira, o dia em que ele foi crucificado. No entanto, antes de ser levado
à morte, Jesus foi preso pelos soldados romanos, instantes após ter celebrado a
Santa Ceia, quando em reunião com seus 12 apóstolos acabou formando um grupo de
13 pessoas.
Enfim, estes eventos simbólicos que fazem parte do Drama da
Paixão de Cristo, os quais deveriam servir como fonte de inspiração e de
conhecimento espiritual e iniciático para os cristãos, acabou se convertendo em
um motivo banal de superstição que com o tempo se espalhou pelas mais diversas
culturas em todo o mundo.
Ou explicação para o azar associado à esta data está
relacionada com a perseguição, tortura e morte dos Cavaleiros Templários no
ano de 1307. Conta a história que o rei francês Filipe IV, em conluio com o
Papa Clemente V, ordenou a prisão dos Templários numa sexta-feira, dia 13 de
outubro daquele mesmo ano, sob a acusação de apostasia, heresia e
idolatria.
Ainda relacionada ao Cristianismo, outra explicação aponta
para supostos rituais macabros dos pagãos do norte da Europa. Desta vez um
relato mentiroso, destinado a intimidar os habitantes do norte da Europa que em
breve cairiam vítimas da imposição religiosa da Igreja Católica, em mais um
capítulo de sua história marcada pelo autoritarismo e pela intolerância.
Os cronistas da época, sabendo da admiração daqueles povos
nórdicos por Frigga, a deusa do amor, da beleza e da profecia, uma das mais
estimadas representações do Eterno Feminino tão odiado pelos bárbaros
católicos, deram origem à lenda de que esta deusa se reunia toda sexta-feira
com outras 11 bruxas, suas companheiras, e mais o próprio demônio, formando
novamente o número 13.
Esta mentira foi forjada sobre a numerologia e um dos mais
importantes episódios mitológicos das religiões do norte da Europa, que narra a
morte do deus Balder, o modelo de Cristo daquele povo. Aquilo que pode ser
chamado de Drama da Paixão de Balder aconteceu quando Odin convocou 12 deuses
para um banquete, mas deixou um deles de fora.
Este deus que foi excluído da celebração divina era Loki, o
correspondente arquetípico tanto de Lúcifer como de Judas, quem ficou tão
incomodado com o fato de ter sido deixado de lado que resolveu matar o luminoso
filho de Odin, que era seu próprio irmão. Tanto este mito como o mito de Cristo
ecoa a ideia de que uma reunião de 13 pessoas numa data festiva causa a morte
de uma delas.
Saindo da mitologia e entrando um pouco mais no campo da
numerologia, recordamos que o número 12 é considerado um número completo e que
exprime a noção de totalidade. Isso está refletido nos 12 meses do ano, nas 12
horas do relógio, nos 12 deuses do Olimpo, nos 12 apóstolos de Jesus, nas 12
tribos de Israel e nos 12 sucessores de Maomé.
Assim entendido o significado do número 12, o número 13 pode
ser considerado como expressão da irregularidade, daquilo que transgride a
ordem perfeita e equilibrada que o número 12 representa. Além disso, a carta
número 13 do Tarô é conhecida como a Morte, e costuma não ser muito bem vista
pela maioria dos praticantes iniciantes.
Nos Estados Unidos, a expressão Sexta-feira Negra era
associada com as quebras dos mercados de ações ocorridas nos séculos XIX e XX.
Por aquelas terras a superstição da sexta-feira 13 foi popularizada através do
livro Friday, the Thirteenth, escrito por Thomas W. Lawson, onde o
autor conta a história de um operador inescrupuloso que tira vantagem desta
superstição para criar pânico em Wall Street.
Aqui no Brasil, foi também numa sexta-feira 13 que o governo
militar decretou o famigerado AI-5, o ato institucional que suspendeu direitos
e garantias políticas, conferiu poderes extraordinários ao Presidente da
República e deu poderes aos militares para que pudessem fechar o Congresso. O
AI-5 foi deu ao regime militar poderes absolutos e sua primeira consequência
foi o fechamento do Congresso Nacional por quase um ano.
Fonte: SGI