Em 1981, o artista e arquiteto italiano Luigi Serafini
publicou uma enciclopédia com mais de mil ilustrações e extensos textos sobre
animais, plantas, roupas e pessoas. Nada de mais até aí. O que intrigou na
época e continua um mistério até hoje é que o livro é escrito em uma língua
que, até onde se sabe, não existe, e as ilustrações parecem interpretar
zoologia, mineralogia, botânica, antropologia, física e arquitetura de uma
maneira que simplesmente não existem no mundo que conhecemos.
O artista italiano passou 30 meses dedicado a escrever o
Codex, que tem quase 400 páginas. E Serafini ainda está vivo (e tem um site oficial que é aparentemente
uma página em branco). Ele nega que o texto do livro tenha qualquer
significado – alega que são caracteres inventados e é tudo uma obra de ficção.
Eu não acredito nele (e muita gente também não), mas ninguém teve sucesso, até
hoje, em desvendar a escrita de Serafini ou encontrar ao menos uma sintaxe
entre as “letras”. O texto inclui também palavras em inglês e francês usadas
aleatoriamente e de maneira incompreensível no contexto.
As estranhices não param por aí (ainda bem, porque a
história só fica melhor). Um grupo
do Google concluiu que o sistema numérico usado por Serafini no livro
usa base 21. Essa mulher jura
que, durante um caso de meningite, teve diversos sonhos alucinatórios que
se passavam no universo esquisito relatado no livro – só meses depois ela
descobriu que existia um manuscrito, o Codex, que mostrava o alfabeto e as
coisas esquisitas do mundo com o qual ela tinha alucinado. Ela diz ser capaz de
meditar usando o livro e, quando faz isso, é capaz de compreender frases
inteiras do texto escrito por Serafini.
Alguns dizem que o Codex é diretamente inspirado no Manuscrito Voynich,
um livro escrito no século 15 por um autor desconhecido com uma linguagem que
ainda não foi decifrada – as ilustrações, no entanto, retratam coisas que
conhecemos.
Esse mês, a editora italiana Rizzoli está lançando uma
nova edição do Codex Seraphinianus. O Dangerouns Minds entrevistou
o editor responsável pelo lançamento, Charler Miers.
Curiosamente evasivo, em um tom quase humorístico, ele disse
ao site que Serafini existe e não é um pseudônimo, que o autor tem casas em
Roma e em Milão e uma oficina de cerâmica na Umbria, e que a nova edição traz,
além de novas ilustrações, 22 páginas inéditas em que o autor explica a origem
do livro: um gato vira-lata branco teria se juntado ao autor enquanto ele
escrevia a obra e a teria transmitido telepaticamente para ele (isso é sério).
Nos vídeos aqui embaixo tem uma porção de página do Codex, caso
você tenha ficado curioso (e se não ficou, que tipo de pessoa você é?). A
Amazon tem edições antigas caríssimas do livro, a partir de 450 dólares,
mas a edição mais recente da Rizzoli pode
ser comprada por 75 dólares, também na Amazon. Corra antes que acabe.
Fonte: Revista
Galileu