O videogame não é o vilão que tantas mães imaginam. Além de
ser uma diversão fácil e prazerosa, os jogos também podem trazer benefícios ao
desenvolvimento dos pequenos. Como a internet e a TV, os
jogos eletrônicos fazem parte do mundo em que vivemos. É irreal querer isolar a
criança deles. Também não há motivo para adotar o princípio de que esses
brinquedos são por si só negativos. O desafio é controlar o tempo que seu filho
gasta com essa atividade, supervisionar o conteúdo e oferecer alternativas de
lazer.
Diferentemente do que alguns imaginam, afastar dos games um
garoto de 7 anos é negativo para a sua formação. Eles permitem o contato com
uma linguagem cada dia mais presente na nossa sociedade. Convém evitar que o
menino fique defasado em relação a outros da mesma faixa etária e classe
social. Muitas vezes, a desconfiança dos adultos está ligada ao estigma de
violência associado às fitas, mas não se deve confundir o brinquedo com a
temática. Como ocorre com livros e programas de TV, também nesse universo há
coisas boas e ruins. Cabe à família selecionar o que vai levar para dentro de
casa. Antes de comprar, verifique a indicação etária e avalie o produto. Se
encontrar algo conflitante com as suas convicções, deixe na prateleira e
explique por que é inadequado. A criança precisa entender os valores que
motivaram a recusa - afinal, se o jogo proibido está na moda, é inevitável que
seu filho tenha acesso a ele na casa de algum amigo.
Também cabe aos pais definir de antemão tempo e frequência
de uso. Entre 30 minutos e uma hora por dia é uma boa medida. Para que isso
seja respeitado, porém, deve-se oferecer outras formas de diversão. Brincar no
playground, passear no parque, andar de bicicleta ou ler um livro com os pais
são algumas opções. Só não vale fazer vista grossa se a criança passa três ou
quatro horas diárias nos games. Caso ela ignore o combinado, converse e mostre
que existem outras coisas interessantes. Não deu certo? Proíba-a de fazer algo
de que goste muito - pode ser um veto aos próprios games e explique: "Você não fez o
que combinamos e, por isso, não vai jogar durante uma semana". O
importante é que o filho seja privado de algo que realmente faça falta e os
pais não cedam a birras.
Quando não há um problema mais sério de disciplina, essa
medida costuma resolver os excessos. Pais que não sabem impor limites, porém,
acabam transformando o game em mais um ponto de atrito, o que evidencia
conflitos que já estavam presentes. São realidades que podem exigir uma terapia
familiar. Só é preciso tomar cuidado para não encarar a simples falta de
educação como sinal de um problema psicológico que não existe. Se a proibição
radical não é um bom caminho para educar, a permissividade também não. O
equilíbrio está na capacidade de dialogar e estabelecer fronteiras claras.
Fonte: Maria Ângela
Barbato Carneiro é psicopedagoga e autora do livro Brinquedos e Brincadeiras:
Formando Ludoeducadores, Editora Articulação, M de Mulher por Suzana Lakatos