A Agronomia detém diversas ramificações para diferentes objetivos na agropecuária e nos cuidados com o meio ambiente, o que torna sua compreensão e prática fundamentais para o futuro
O ato de plantar em solo fértil para conseguir alimento é quase tão antigo como a própria humanidade. Estudos apontam os primeiros indícios de técnicas direcionadas para o cultivo de plantas e a detenção de animais no período Neolítico, entre 7000 a.C. e 2500 a.C.
Egípcios e chineses, há milhares de anos, fortaleceram suas respectivas sociedades, em grande parte, devido à manipulação da terra e dos animais.
Além de ser um método de sobrevivência, as práticas também mostraram um potencial inigualável em relação à obtenção de renda.
Conforme os séculos se passaram, o conhecimento foi aumentando, assim como as necessidades e desejos das pessoas em relação à produtividade.
A tecnologia cresceu em níveis massivos, possibilitando a execução de novos meios dentre os costumes primitivos.
Assim, a Agronomia surgiu no século XVIII como a chamada Ciência Agrária, oriunda do interesse de cientistas pela composição dos vegetais. Ao longo do tempo, recursos como compostos químicos e modificações genéticas começaram a ser utilizados na agricultura.
O que é Agronomia?
A Agronomia compila e estuda diferentes maneiras para aperfeiçoar soluções agrícolas e pecuárias.
O cultivo do solo e todo o processo de produção – desde a preparação das primeiras sementes até a distribuição ao consumidor final – é de responsabilidade dos profissionais do ramo, os agrônomos.
No Brasil, esta área é datada no século XIX, mais especificamente no período pós-escravidão, quando a indútria açucareira, no Nordeste, se viu em crise.
Diante da necessidade de lidar com o setor agrícola, a Escola de Agronomia, do Imperial Instituto Bahiano de Agricultura, foi inaugurada em 1859 para formar profissionais capacitados que pudessem estabelecer a área e fazê-la crescer.
Entre os anos 1960 e 1970, os projetos agrônomos passaram por uma série de alterações durante a Revolução Verde, que sintetizou um grupo de alternativas para expandir a agricultura dos Estados Unidos, Europa e, posteriormente, de países em desenvolvimento.
Hoje, a Agronomia é considerada um ramo riquíssimo em oportunidades e rentabilidade.
Por conta das reservas de terra, recursos naturais em abundância e solo e clima favoráveis ao plantio e criação de animais, o Brasil é um dos principais exportadores de carnes, grãos e vegetais do mundo.
Além de alimentar a população e produzir outros itens exigidos no dia a dia, o Agronegócio é uma das principais fontes que fazem a economia caminhar. Em 2017, por exemplo, a agropecuária ampliou o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 14,5%.
Áreas de atuação
A multiformidade da Agronomia faz com que existam diversas áreas de atuação dentro do ramo, com funções em empresas especializadas, instituições de ensino, organizações públicas ou privadas de desenvolvimento agrícola, comercialização de alimentos e associações de produtores do setor.
Administração agroindustrial
Assim como em qualquer outra esfera, a administração com enfoque agroindustrial visa os melhores resultados econômicos diante de sua produção.
Agregando valores corporativos, o profissional que trabalha com isso deve se focar em gerenciar a distribuição e venda de produtos agrícolas para a demanda nacional e internacional.
Defesa e vigilância sanitária
Parte da estrutura federal, a defesa e a vigilância sanitária atuam para garantir a saúde da população.
Na Agronomia, o foco é em relação aos alimentos. Os profissionais realizam pesquisas para novas tecnologias que possam combater pragas e prevenir doenças em lavouras e rebanhos.
Fitotecnia
A Fitotecnia é responsável por comandar estudos que apontam as melhores seleções de sementes e adubos para alavancar a produtividade das safras.
É um ramo que trata especificamente dos vegetais, sendo necessário conhecimento amplo em elementos como anatomia das plantas, espaçamento de plantio, tratos culturais, irrigação, adubação, colheita, pós-colheita e armazenamento.
Paisagismo e arborização urbana
Outra atividade que pode ser exercida pelo engenheiro agrônomo, não raro, em equipe com arquiteto. Ainda mais pelo fato de estar em alta o chamado Paisagismo Ecológico, que procura empregar espécies nativas do domínio botânico original local.
Produção agroindustrial
Gerenciando a industrialização de produtos agrícolas, o profissional do ramo deve compreender as atividades relacionadas à transformação de matérias-primas.
Esta área tem um segmento para cada matéria-prima e depende de sazonalidade, perecibilidade e heterogeneidade para cumprir suas funções.
Silvicultura
A Silvicultura se dedica ao estudo de métodos eficientes (naturais ou artificiais) para regenerar e melhorar os povoamentos florestais.
Esse ramo tem o objetivo de cuidar das áreas naturais através de recuperação de matas exploradas, renovação de espécies em extinção e do auxílio para equilíbrio dos ciclos de nutrientes por meio do reflorestamento.
Para isso, o profissional faz pesquisas botânicas, identifica, caracteriza e prescreve a utilização correta das espécies.
Por isso, são necessários conhecimentos em Engenharia Ambiental e Florestal, Ciências Biológicas, Biossistemas, Biotecnologia e, é claro, em Agronomia.
Existe também uma importantíssima atividade de plantio de florestas econômicas para posterior extração de madeira para construção e móveis, papel e celulose, importante commodity em que o Brasil é produtivo.
Isso porque, enquanto em países frios - que também se dedicam a esta atividade -, as árvores crescem quatro meses por ano, aqui, crescem o ano todo ou boa parte dele.
Zootecnia
O zootecnista é responsável pela produção de produtos e serviços de origem animal, incluindo tópicos de genética, nutrição animal, criação de rebanhos, gestão e planejamento agropecuário e controle de qualidade da mercadoria final.
Esse braço da Agronomia trabalha majoritariamente com bois, aves, cabras, ovelhas, porcos e cavalos, mas os profissionais especializados também podem atuar na preservação de animais silvestres e treinar os bichos para fins de esportes, lazer e companhia.
Outras áreas
Além das especializações já citadas, existem mais alguns setores importantes da Agronomia:
Agroecologia: tem o objetivo de desenvolver estratégias para cultivar métodos sustentáveis de agricultura, valorizando a produtividade, qualidade de vida, meio ambiente e comércio justo; não usa fertilizantes químicos e agrotóxicos e se foca em plantações orgânicas;
Agrogeologia: analisa as configurações químicas e físicas do solo para a agricultura;
Agrometeorologia: compreende as causas e efeitos meteorológicos no cenário rural e na produção agrícola;
Agroquímica: responsável pela química destinada à Agronomia, levando em consideração a produção e análise da ação de fertilizantes e pesticidas em relação às culturas agrícolas, aos trabalhadores do setor e aos consumidores;
Construções agrárias: envolvem a infraestrutura necessária na fazenda com lagos, silos, depósitos de armazenamento, acondicionamento e embalagem, bem como a logística de escoamento.
Irrigação: área de conhecimento que visa o fornecimento de água para o solo de acordo com suas devidas características;
Pedologia: estuda a física, química, nutrição e aptidão agrícola do solo;
Tecnologia: empregada para monitoramento e gestão da produção agropecuária. Sua expressão máxima hoje é conhecida como Agricultura Digital.
É importante ressaltar que, para atuar em qualquer área, os profissionais devem ser cadastrados no Conselho de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de seus respectivos Estados.
Portanto, a presença da Agronomia na vida de milhões de brasileiros é constante, ainda que em sua maioria de forma indireta.
Seja possibilitando a alimentação, cuidando de nossos recursos ou compreendendo e zelando pelo meio ambiente, tal ciência se prova essencial desde sua aplicação no País e vital para o futuro do planeta.